Por muito tempo eu pensei que
aqueles onze meses tinham sido algo sem sentido. Meu cérebro tentou, por muito
tempo, enganar meu coração dizendo que aquilo não foi nada, que não houve
sentimento e que eu iria ficar bem. Ele se esforçou, mas no começo foi difícil.
Todos os lugares em que eu passava e toda vez que fazia algo que era comum de
fazermos juntos me traziam aquela sensação ruim, mas aos poucos eu fui me
acostumando.
Na verdade, todo mundo se acostuma
em certo momento da vida.
Demorou muito e meu cérebro
continuava ajudando na parte de “não, você não a amou”.
Verdade seja dita, o final foi um
dos piores momentos que eu tinha passado até ali. Não houve sorrisos, somente
lágrimas e a incerteza de que haveria ao menos uma amizade.
Pois bem, 3 anos passaram e estou
aqui, remoendo algumas coisas, mas não da mesma forma. Em algum momento da vida
temos que nos levantar e superar de vez. Não que não tivesse superado antes, na
verdade, demorou por volta de 1 ano e meio para que tudo ficasse bem, mas algo
faltava.
Aquela caixa com todas as
recordações dela ainda era mantida em cima do guarda roupa. Depois do fim eu
não tive vontade alguma de abri-la. Seria um desperdício. Só iria desacreditar
mais ainda no sentimento do amor, pois para ela havia sido tão fácil encontrar
outra pessoa que me fez pensar que eu era o errado na história, mesmo não
sendo.
Depois de muito pensar decidi me
desfazer da caixa, mas me impus uma condição: ler e recordar tudo por uma
última vez. Claro, o que escrevemos permanece para sempre, mas a nossa memória
não tem o mesmo poder. Seria um momento para recordar e guardar o máximo que
pudesse.
A cada carta lida o sentimento
limitado pelo cérebro aparecia cada vez mais. Sim, percebi que o que eu senti
naquele tempo todo foi amor. Assim como o dela, foi verdadeiro. Aquele amor
adolescente em que achávamos que poderíamos quebrar barreiras e vivê-lo para
sempre.
Ledo engano. Feliz ou
infelizmente, tudo tem um fim, por mais que juramos que fosse para sempre. O
pra sempre tem a duração do “nosso” para sempre, ou seja, enquanto estivemos
juntos.
Fui lendo uma por uma e meu
cérebro foi cedendo. Quando terminava, tentava absorver o máximo e guardar em
um lugar especial da minha memória. Ao final, rasguei todas e joguei fora toda
e qualquer coisa relacionada a ela.
Somente uma coisa ficou, um CD com
as nossas fotos. Por que guardei? Em todo esse tempo, desde o momento que o
ganhei, não o tinha visto. E ainda assim só o guardei.
E depois de todo esse tempo ela
volta falando que nunca esqueceu o que sentiu, que ainda me ama, que hoje
percebe que quem errou foi ela e que perdeu o que era mais valioso em sua vida,
mas eu não consigo mais sentir o mesmo, na verdade, não me permito. Prefiro que
as coisas sigam da maneira que estão. Vamos nos vendo, conversando, mas eu não
consigo mais que isso.
Peço desculpas, mas não sou como
os outros caras. Você bem sabe.
Então dei o último passo: coloquei
o CD para rodar. Nossas duas músicas preferidas tocando ao fundo enquanto fotos
dos nossos momentos mais felizes invadiam a tela. As lágrimas inundaram os
olhos, mas não escorreram pelo rosto.
Foi aí que percebi de verdade: foi
amor. Amei e fui amado. Mas estava na hora de apagar dois dos pontos das
reticências e manter só o ponto final.
Merece os parabéns! Curti demais!
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