quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amigos são sempre amigos

Essa é uma história curta que surgiu na cabeça no domingo.
Dessa vez decidi passar para o papel.
O resultado segue abaixo, espero que gostem.

Amigos são sempre amigos

Meu nome é Joel e esta é minha história.

Há um tempo atrás, decidi fazer uma tattoo com os dizeres “Stay True”, que para mim, desde o começo significou o que sou, verdadeiro. Significa ser verdadeiro com você, com o que acredita e ir até o fim com essa convicção.

Decidi fazer essa tattoo não só por mim, mas pelos amigos que perdi para o álcool e as drogas. Isso me deixou mais convicto do meu pensamento.

Tudo começou por volta de Fevereiro de 2002, quando conheci dois caras dos quais se tornariam meus melhores amigos/irmãos.

Daniel e Christopher eram aqueles amigos que estavam lá o tempo todo para tudo o que precisasse. Sabiam conversar sobre besteiras, mulheres, videogames e assuntos sérios, do cotidiano deles.

Os dois eram como meus irmãos. Christopher era meu braço direito. Era sempre o primeiro a saber das confusões que rolavam em minha cabeça. Daniel foi aos poucos mostrando que tinha um coração e que sabia lidar com assuntos sérios.

Com o tempo, a amizade se tornou algo essencial. Éramos inseparáveis. Todos viviam a vida de bom humor, unidos. Todos tínhamos namorada, emprego e estudávamos.

Com o passar do tempo, com tanta coisa para fazer, foi ficando mais difícil de nos encontrarmos, mas fazíamos o possível para pelo menos uma vez por mês tomarmos alguma coisa e jogarmos conversa fora.

Foi aí que em Janeiro de 2008 as coisas começaram a mudar: o término do namoro de 2 anos de Christopher e Milene, e o término do namoro de 3 anos de Daniel e Carol. Para os dois, isso foi um baque tão forte que foi difícil de superar.

Foi aí que tive que fazer uma mudança radical pelos meus amigos. Comecei a sair muito mais com eles e fui deixando minha namorada de lado, até que um dia ela me deixou. Não fiquei tão mal quanto eles, pois o meu namoro era o menos duradouro e eu não sentiria tanta falta.

Voltamos a ser como antes, amigos inseparáveis. Saímos todo final de semana. A recuperação deles estava sendo ótima pra mim. Eu estava fazendo a diferença na vida deles. Pelo menos era isso que eu achava.

Nós três nunca tínhamos saído para beber. Achávamos que álcool era algo desprezível, para fracos, algo que nos faria deixar de ser quem éramos.

De repente, em uma festa, estávamos conversando com uma galera, e nos ofereceram bebidas. Eu fui o único a recusar. Quando os vi bebendo e dando risada, me senti tão isolado e descrente de que eles estavam gostando. Fiquei me perguntando como, depois de tudo que tínhamos conversado, eles aceitarem beber.

Fomos para casa e não tocamos no assunto até o dia seguinte quando tentei dar uma bronca neles. A resposta dos dois era igual: “estamos solteiros, queremos curtir”

Depois de algumas semanas sem contato, fiquei sabendo que os dois tinham ido em várias festas, saindo bêbados de todas elas, tudo por causa de más influências. O pior de tudo foi saber depois que, não me convidaram, pois, não queriam ouvir minhas reclamações.

O tempo foi passando e eu ficava cada vez mais chato com eles a respeito da bebida. Falava sobre os males, sobre os riscos, sobre o vício e principalmente que a bebida fazia com que eles fossem pessoas totalmente diferentes do que eram.

As conversas começaram a perder o interesse. Os únicos assuntos citados eram bebidas e festas. Todo final de semana eram duas festas.

Isso foi me afetando de certa forma que eu queria meus irmãos de volta. Comecei a ficar mais chato, falando tudo o que me deixava triste. A falta de assunto, a mudança drástica deles, as constantes bebedeiras que agora começavam a me preocupar mais.

E ouvi respostas amargas como: “eu estou vivendo minha vida, se você não quer viver, problema seu”, “não temos mais nada em comum, por que devemos conversar?”

Essas frases estão marcadas em mim até hoje, mas nunca me impediram de tentar recuperá-los. Fiz de tudo até onde pude para trazê-los de “volta”.

Foi aí que o Christopher deu sinais de que queria deixar esse tipo de vida, motivo: “são sempre os mesmos assuntos, só bebida, ficar com qualquer uma e ver quem bebe mais, cansei disso. Quero encontrar alguém especial e viver sóbrio, com meus pés no chão, voltar a ser quem eu era.” Isso foi uma vitória pra mim, meu irmão tinha caído na real e voltado pra “casa”.

E assim, os dois agora buscavam “salvar” Daniel, o que não parecia uma tarefa fácil.

Depois de uma longa conversa, Daniel decidiu que ele estava fazendo o certo e que nós estávamos errados. Desde esse dia, não nos falamos mais. O Orgulho dele era tanto que não quis nos procurar.

Depois de longos 3 meses, recebi um email de Daniel falando um assunto aleatório.

Voltamos a conversar sobre o mesmo assunto e ele disse que tinha parado de ir a festas e tudo mais, pois não tinha festa nenhuma pra ir, mas que continuava a beber.

Entramos no mesmo assunto chato e ele disse que gostava muito mais de quem era agora, por ter vários “amigos”, por todos gostarem dele aonde quer que fosse. E na maior naturalidade possível, disse que estava usando drogas. Os “amigos” dele ofereciam e para não se sentir excluído ou ser chamado de fraco, ele começou a aceitar.

No começo ficamos intrigados e tentamos, mais uma vez, alertá-lo sobre os males que isso poderia trazer, mas como ele não queria perder as “amizades” decidiu continuar fazendo o que julgava certo, pensando que manteria seus dois irmãos ali, pra sempre.

Começamos a nos afastar dele e o tempo foi passando. Não tínhamos tido notícias dele por um bom tempo, até que um dia, sua prima, veio nos contar que ele não estava nada bem. Ele estava internado em uma clínica, havia consumido drogas pesadas e seu corpo já não estava no mesmo estado de sempre. Ela nos contou que desde o tempo que ele ficara internado, ninguém havia o visitado. Fato que a trouxe até nós. Como éramos seus melhores amigos, ela disse que seria bom para ele nos ver e pediu que fizéssemos uma visita.

Depois de pensarmos um pouco, decidimos visitá-lo.

Quando entramos no quarto, olhamos para a cama e lá estava ele. A aparência estava muito diferente da que eu lembrava, mostrando claramente o destino de quem usa e abusa das drogas.

Quando nos viu, seu rosto era um misto de felicidade e tristeza. Lágrimas começaram a rolar em seu rosto e eu percebi que aquela, em quase 7 anos que nos conhecíamos, era a primeira vez que o via chorar.

Não aguentei e desabei também. Logo depois, estávamos os três abraçados e chorando.

Palavras não foram necessárias. Pelo seu olhar, eu pude entender: um pedido de desculpa, seguido de um sussurro quase inaudível dizendo: me ajuda, por favor.

Eu retribui o pedido com mais lágrimas e um: não vou desistir de você.

Foi aí que decidi a lutar por todos os meus amigos, todos aqueles que valem a pena.

Eu não queria que ele tivesse que passar por isso pra perceber quem são os seus verdadeiros amigos, mas foi necessário.

Eu tentei protegê-lo desse fim, mas assim teve que ser feito.

Hoje em dia temos nossas famílias e estamos mais unidos que nunca.

E sempre que pode, Daniel nos agradece por tê-lo “salvado”.

4 comentários:

  1. Absolutamente incrível! Sério.
    Muitas vezes, palavras não bastam. Outras, palavras não são necessárias!

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  2. Tá espero que o final você tenha errado, foi dramatico no meio u_u nunca falei aquilo AHUHUAHAU mas te amo pode ter ctz =( e vou sair do role logo menos, meio do ano começo outra faculdade.

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  3. Mano, como já falei antes, ficou muito bom esse texto, melhor ainda que mistura com um pouco da realidade.
    Não tenho mais nada o que comentar, só não queria que fosse assim de verdade..
    Sem mais, fica aqui meus parabéns pelo texto.
    Abraços

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  4. Muito bom post...

    Estou esperando o meu agora ¬¬


    Te anmo mano.

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